Alterações climáticas aumentaram 40 vezes a probabilidade de incêndios florestais em Portugal e Espanha

  • As condições meteorológicas propícias a incêndios são hoje mais prováveis e cerca de 30% mais intensas do que no período pré-industrial;
  • Ondas de calor desta magnitude – que num clima pré-industrial seriam esperadas menos de uma vez em 2.500 anos – ocorrem hoje, na região afetada, em média a cada 13 anos. As alterações climáticas tornaram-nas cerca de 200 vezes mais prováveis e aproximadamente 3 °C mais intensas;
  • Portugal perdeu mais de 260 000 hectares, cerca de 3% da sua superfície terrestre e quase três vezes a sua média anual, e em Espanha mais de 380 000 hectares foram queimados – quase cinco vezes a média anual;
  • A área queimada nos dois países representa cerca de dois terços da área total queimada em toda a Europa.

Um estudo conduzido pela World Weather Attribution (WWA), em parceria com a Cruz Vermelha, conclui que as condições meteorológicas quentes, secas e ventosas que alimentaram os incêndios de grande escala em Portugal e Espanha foram substancialmente amplificadas pelas alterações climáticas.
A análise, baseada em observações meteorológicas e em métricas de risco de incêndio, mostra que eventos que antes seriam extremamente raros passaram a ocorrer com muito maior frequência, tornando os grandes incêndios mais prováveis e mais intensos.
Neste verão tiveram grande impacto: Portugal perdeu mais de 260 mil hectares com os incêndios, cerca de 3% da superfície terrestre nacional e quase três vezes a média anual. Em Espanha, mais de 380 mil hectares foram queimados – quase cinco vezes a média anual. A área queimada na Península Ibérica representa cerca de dois terços da área total queimada na Europa, que ultrapassou um milhão de hectares em agosto pela primeira vez, desde o início dos registos, em 2006.
Além das perdas de património natural, os incêndios provocaram mortes, grandes fluxos de evacuação e efeitos de poluição atmosférica que atravessaram as fronteiras dos dois países.
Contudo, o aquecimento global não é causa única. O estudo sublinha fatores humanos e de gestão territorial que intensificam o risco: a migração de populações rurais para áreas urbanas ao longo das últimas décadas, o abandono agrícola e a acumulação de biomassa (que aumentam a quantidade de combustível disponível) e práticas de gestão insuficientes.
Os investigadores recomendam a necessidade urgente de implementar medidas preventivas estruturadas e de gestão do território local (gestão de combustível, pastoreio, queimadas controladas, limpeza mecânica) e políticas públicas ambiciosas de adaptação e mitigação das emissões (transição energética).
O estudo focou-se na região noroeste da Península Ibérica e utilizou, entre outras medidas, a Daily Severity Rating (DSR) – que integra temperatura, humidade, velocidade do vento e precipitação – para estimar a gravidade das condições de incêndio. Os resultados indicam que períodos de elevada severidade de incêndio e as próprias ondas de calor tornaram-se muito mais prováveis e significativamente mais quentes do que no clima pré-industrial, ampliando a janela temporal e a intensidade em que incêndios de grande porte podem ocorrer.
Durante os incêndios que afetaram Portugal, a Cruz Vermelha Portuguesa esteve no terreno a apoiar operacionais e populações afetadas, através da ativação de espaços de descanso e retaguarda para quem combate os incêndios, assistência às comunidades deslocadas e ações de apoio à recuperação.

Região do estudo
A região analisada é mostrada na caixa azul abaixo.

Sobre a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP):
A CVP é uma instituição humanitária com 160 anos de história, dedicada ao apoio a pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade. Com presença nacional através das suas estruturas locais e milhares de voluntários, atua em áreas como ação social, saúde, emergência, formação e cooperação internacional. Promove respostas sustentáveis que visam a dignidade, autonomia e resiliência das populações, em alinhamento com os princípios do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Por um futuro mais digno.
Todos os dias.
Saiba mais através do site oficial da Cruz Vermelha Portuguesa

Outros artigos

Deixe um comentário

Back to top button
Close
Close