UGT deixa cair aumentos salariais
Carlos Silva, secretário-geral da UGT, em entrevista concedida ao semanário Expresso de 18 de Abril, declarou a UGT adiar para outubro e “em função da realidade do país” a discussão dos salários. CGTP mantém tudo igual
Temos uma leitura pragmática: o país atravessa uma crise gigantesca e não temos uma árvore das patacas”, diz Carlos Silva. O líder da UGT justifica, assim, o facto de a central sindical deixar cair as reivindicações de aumentos salariais nos setores públicos e privados. Pelo menos “até outubro” e, mesmo assim, “em função da realidade do país” o caderno de encargos do sindicalista fica adiado.
Esta mesma posição foi transmitida pela direção da UGT ao Governo, no encontro realizado esta quarta-feira, em São Bento, com António Costa e os ministros da Economia e do Trabalho. Carlos Silva aproveitou a ocasião para dar garantias de uma trégua negocial, justificada pelo “momento gravíssimo” que o país atravessa. “Somos pragmáticos”, diz o líder sindical ao Expresso, “o pior momento da epidemia parece até já ter passado, mas convém não atirar foguetes e muito menos deixar a prudência de lado”.
Com a ameaça de uma subida do desemprego até aos 14% e de uma quebra do PIB da ordem dos oito pontos percentuais, o líder da UGT assume que “o sector privado está a ser fustigadíssimo” e que a pressão sobre o aumento de despesa no sector público “coloca enormes desafios”. “Estamos num momento de unidade e de coesão nacional”, acrescenta, sublinhando que “em outubro se verá se há condições para falar em aumentos salariais”.
Para a UGT é já “muito positivo” que António Costa tenha assumido que “não haverá nenhum pacote de austeridade, semelhante ao que foi adotado nos tempos da troika”. Quer isto dizer, segundo Carlos Silva, que o Governo promete “não dispensar ninguém no Estado”, nem avançar com “cortes salariais na Administração Pública”, à semelhança do que aconteceu no Governo PSD/CDS. Ao mesmo tempo, Costa reforçou as garantias de um apoio direto do Estado ao setor privado, seja com o reforço nos apoios diretos à manutenção de empresas e empregos, seja no aumento de verbas da Segurança Social para subsídios diretos aos trabalhadores e famílias. Carlos Silva aceitou a garantia de que não haverá austeridade como moeda de troca para retirar a discussão dos aumentos salariais de cima da mesa.