Medronheiros, oliveiras e videiras podem travar fogos no vale do Zêzere
A plantação de medronheiros, oliveiras e videiras pode evitar os incêndios nas encostas do vale do Zêzere e atenuar os efeitos das alterações climáticas, defendeu hoje o presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra, José Brito.
O autarca falava à agência Lusa, a propósito do projeto ClimAgir, em vigor desde 2018 e criado na sequência da elaboração do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas (PIAAC) da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra.
Foi apresentado hoje, na Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra, o segundo ano de atividades ClimAgir, numa sessão em que intervieram José Brito e o secretário executivo da CIM, Jorge Brito.
Para José Brito, “o eucalipto é necessário à economia da região, mas é preciso criar descontinuidades nas plantações”, para evitar o regresso dos fogos à Pampilhosa da Serra e municípios vizinhos, banhados pelo Zêzere, afluente do Tejo que atravessa uma extensa área montanhosa nos distritos da Guarda, Coimbra, Castelo Branco e Santarém.
No futuro, as monoculturas de medronhal, olival e vinha poderão “ser quase aceiros naturais” que reduzem a eclosão de incêndios e travam o seu avanço no território, disse José Brito.
O presidente do município da Pampilhosa da Serra alertou que o interior da região Centro “pode tornar-se novamente um barril de pólvora”, caso não se concretize o reordenamento florestal anunciado na sequência dos grandes incêndios de 2017.
“Passaram dois anos e nada aconteceu”, lamentou, questionado pela Lusa sobre a evolução do projeto-piloto de reflorestação das áreas ardidas com espécies autóctones, prometido pelo primeiro Governo de António Costa após a tragédia que ocorreu em Pedrógão Grande e concelhos vizinhos, em 17 de junho de 2017, em que morreram 66 pessoas.
O projeto ClimAgir está integrado no PIAAC, um trabalho conjunto da CIM e da Universidade de Coimbra destinado a “avaliar os impactes” das alterações climáticas.
Este plano intermunicipal é “um documento inovador que contempla o conhecimento das especificidades setoriais do território (…), a avaliação da sua vulnerabilidade atual e futura às alterações climáticas, e a identificação, definição e priorização de medidas de adaptação específicas”.
“No documento, são abordados os possíveis impactes em vários setores, como agricultura, alimentação, florestas, biodiversidade, recursos hídricos, estuários e zonas costeiras, infraestruturas e energia, turismo e saúde humana”, segundo uma nota da CIM, liderada pelo presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino.
Financiado com fundos europeus, o ClimAgir é “uma das medidas específicas” do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas.
Hoje, na Pampilhosa da Serra, foi apresentado um vídeo animado aos alunos, que participaram depois em trabalhos escolares incluídos no projeto, como o processo de germinação de sementes autóctones e a construção de armadilhas para a vespa asiática, além de atividades promovidas pela Águas do Centro Litoral sobre o ciclo urbano da água.