Pampilhosa da Serra no centro da “Observação da Terra para os Municípios”.

Depois da estreia a Norte, no passado mês de novembro, a iniciativa “Observação da Terra para os Municípios”, da Agência Espacial Portuguesa, decorreu ontem na Região Centro com mais um dia de discussões, debates e apresentações de casos práticos sobre a utilização de dados de satélite. A sessão decorreu no Auditório Municipal de Pampilhosa da Serra e integrou as comemorações do 10.º aniversário da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM-RC), uma das entidades que apoiam esta iniciativa, a par do Centro de Competências para a Informação Geoespacial (CGEO) da CIM-RC e da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra.

Segundo Ricardo Conde, Presidente da Agência Espacial Portuguesa, esta iniciativa “é um roteiro que nos leva pelo País”, permitindo “olhar por outra perspetiva para o que é o território”, do mesmo modo que pretende “ligar o território às pessoas”, trazendo “a inovação, o conhecimento, mas também discussão sobre o que o País pode fazer com a informação de satélite e das ciências do espaço” e de que forma a tecnologia pode ajudar a resolver problemas concretos no terreno.

Luís Paulo Costa, Vice-Presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, salientou que “esta iniciativa coloca em evidência a importância dos dados de satélite na nossa sociedade”, aproveitando para felicitar a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra “pela visão de apostar nesta área há já vários anos”. O Vice-Presidente da CIM-RC, entidade que se associou a este evento no âmbito do seu 10.º aniversário, reforçou ainda que “os dados de satélite oferecem uma visão abrangente e em tempo real do território que permitem uma melhor tomada de decisão, especialmente em situações de crise, como é o caso dos incêndios florestais”, destacando que “é importante que todos os municípios tenham acesso a estes dados”.

O anfitrião desta sessão, Jorge Alves Custódio, aproveitou a ocasião para recordar o histórico de relações entre a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra e as ciências espaciais, relembrando que o Município começou “a ser abordado pela primeira vez em 2007, pela Universidade de Aveiro e pelo Instituto de Telecomunicações”, que escolheram este território devido às suas “condições de excelência para o trabalho científico”. Na sequência deste trabalho, surgiu o PASO – Pampilhosa da Serra Space Observatory, um observatório espacial dedicado à exploração do Espaço próximo da Terra e observação do Universo profundo, inaugurado em 2011, com a instalação do primeiro equipamento, a Estação Radioastronómica de Porto da Balsa. Segundo o Presidente da Câmara Municipal, o PASO “é uma das principais infraestruturas de investigação científica em Portugal dedicadas ao Espaço”, estando, atualmente, equipada com telescópios de grande campo, um exclusivo do Ministério da Defesa Nacional e outro em parceria com o Instituto de Telecomunicações e a Universidade de Coimbra, um radiotelescópio de 5 metros de diâmetro dedicado à observação da emissão radio do hidrogénio neutro da nossa galáxia, e de um radar espacial, instalado em parceria entre o Ministério da Defesa Nacional e o Instituto de Telecomunicações”. Jorge Alves Custódio reforçou ainda que “esta infraestrutura contribui com dados para profissionais de mais de 177 entidades académicas, governamentais e industriais de todo o mundo, e constitui um recurso valioso para o país e para o mundo”, assumindo claramente que “a Pampilhosa da Serra quer estar na linha da frente deste setor”.

A sessão teve início com um painel centrado no papel da Observação da Terra para os municípios, abarcando várias temáticas, como o programa Copernicus, um programa europeu de monitorização geoespacial, as cidades inteligentes ou os desafios do uso das imagens de satélite. A manhã prosseguiu com um bloco dedicado a casos práticos, com apresentações sobre gestão florestal e urbana, mas também sobre a monitorização da poluição e das infraestruturas, por exemplo.

Durante o almoço uma sessão de matchmaking facilitou a troca de contactos, conhecimentos, experiências e a exploração de novas parcerias. Da parte da tarde, as apresentações focaram-se nas oportunidades de financiamento para as áreas das tecnologias da informação e do espaço, período que contou com a participação de Jorge Brandão, vogal da comissão diretiva do Programa Operacional Regional, CENTRO 2030, que apresentou as linhas estratégicas do programa regional e da sua especialização inteligente, com foco nas áreas em discussão. Seguiu-se a mesa-redonda “A Inovação nos Municípios: acesso aos dados e novas aplicações”, onde estiveram presentes representantes de instituições autárquicas da região, mas também da academia, do setor privado e administração pública central, à qual se seguiu um fórum de discussão amplamente participada pela audiência.

As sessões “Observação da Terra para os Municípios” seguem agora para as restantes regiões portuguesas: Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, Algarve, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.

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