Sertã – Tertúlias Repensar Portugal insistiram na ideia de um país “mais coeso e menos centralizado”
Repensar Portugal a partir do interior. Este foi o mote da tertúlia, organizada no passado dia 18 de maio, no Cineteatro Tasso, na Sertã, pelo Município da Sertã, em parceria com a ADGTCP – Associação de Turismo e Cultura e o apoio da Universidade Lusófona. Para o mês de novembro está já marcada a segunda tertúlia, conforme anunciou o presidente da Câmara Municipal da Sertã, Carlos Miranda, acrescentando que, no próximo ano, está prevista a realização de um congresso.
O edil sertaginense abriu os trabalhos desta tertúlia e, além do anúncio da nova data, lembrou “a importância destes encontros” para que “a reflexão sobre o país não se faça sempre a partir de Lisboa, mas também de outros pontos do país e do interior, em particular”.
A primeira sessão, que decorreu durante a manhã do dia 18 de maio, reuniu vários artistas com raízes na Sertã. O poeta Miguel-Manso, os músicos Miguel Calhaz e Marco Figueiredo e o jornalista Rui Lopes abordaram o tema da criação e deixaram pistas sobre como é possível territórios como a Sertã afirmarem-se e sobreviverem num país muito marcado pela dicotomia litoral-interior.
Na parte da tarde, o primeiro painel, que contou à semelhança de todos os outros com moderação do conhecido jornalista Manuel Vilas Boas, juntou Ana Sofia Marçal, responsável pela Biblioteca Municipal Padre Manuel Antunes, que falou da Maratona de Leitura e da sua importância para a afirmação cultural do território; o etnomusicólogo e investigador Mário Correia, que trouxe uma abordagem disruptiva sobre a “importância de nada fazer” para manter a autenticidade dos territórios; e o professor catedrático José Fialho, que insistiu na necessidade da reunião de esforços para resultados mais ambiciosos. Também presente nesta sessão esteve Luís Castanheira Lopes, administrador do Grupo Pestana, que discorreu sobre o papel social das empresas e a sua importância no território.
O terceiro e último painel contou com a presença de Luís Raposo, membro do conselho executivo do Conselho Internacional de Museus, que insistiu na necessidade de potenciar os territórios, através da sua singularidade e de estratégias mais eficazes. Neste painel estiveram igualmente Susana Lopes, do Ministério da Educação, que se pronunciou sobre a importância da escola no desenvolvimento do país e dos seus cidadãos, e Nuno Madeira, técnico de Turismo, que evocou o excelente contributo que o turismo tem dado a estes territórios mais periféricos e as oportunidades que se abrem em várias áreas e setores para quem pretende investir, por exemplo, no interior. No encerramento deste encontro, Carlos Miranda defendeu o investimento na cultura como um meio para ter “pessoas de mentalidade mais aberta, mais tolerantes face àquilo que é diferente. A tolerância é fundamental para reter e atrair o talento”, garantindo que, juntamente com aposta na tecnologia, é possível criar “um ecossistema criativo no território”.
Estas tertúlias contaram ainda com um espetáculo musical, na noite do dia 18 de maio, na Casa da Cultura da Sertã, que contou com a participação de Miguel Calhaz, Idalina Gameiro, Marco Figueiredo e Patrícia Domingues.